sexta-feira, 17 de abril de 2009

Capítulo 1

Na verdade nem queria entrar nessa caverna, fiquei todo tempo do lado de fora.
Até porque a caverna era pequena e já havia 3 pessoas lá dentro, fiquei mesmo do lado de fora aproveitando a sombra que a rocha da caverna criava naquela tarde de muito, mas muito sol.
Mas assim que os 3 sairam, (o cachorro ficou!) eu entrei, el perro......... "perro" é cachorro em castelhano. Realmente lá dentro estava uma sensação térmica muito boa!
Depois entendi porque o cachorro não tinha ido com os outros.......Esses cachorros são mesmo muito espertos!


Por todas as cidades do norte da Argentina que passei, todas..... havia sempre um cachorro que nos acompanhava. Pra onde quer que fossemos ele iria, desde um supermercado, a uma trilha junk de caminhadas subidas e descidas, entre rochas e riachos, subindo ou descendo serras entre montanhas.
Inclusive numa dessas trilhas, uma que passava por 4 cachoeiras, e ainda tinha a 5ª.
Que por sinal não fui! parei na 4ª. Encontrei um cachorro, que só conseguiu voltar porque me seguiu. Ele estava perdido! Acho que ao seguir alguém, ele não se garantiu e ficou pela 4ª cachoeira, assim..... como eu!
Se ele soubesse que eu também não sabia muito bem o caminho de volta, talvez ele não viesse atrás de mim.

Por várias vezes mostrei o caminho pra ele, muito difícil diga-se de passagem....eram saltos e mais saltos de uma pedra a outra, na beira do rio . O cachorro era pequeno, desses que são mistura de cachorro de raça e vira lata.


Sempre gostei dos vira latas. São mais amigos e confiáveis, talvez por, na maioria das vezes, a ele, só lhe restar esse atributo!


Como ia dizendo, o cachorro veio me seguindo da 4ª cachoeira até a entrada da trilha......um pequeno detalhe que ia me esquecendo de mencionar, a água do rio, devia estar entre 10 e 5 graus, geladíssima era apelido!


Porém ele tinha que se jogar no rio para atravessar a trilha, fazer o quê? ele não sabia voar!


Dava até pena de ver o bichinho. Toda vez que conseguia atravessar o rio, ficava tremendo naquele vento frio, no outro lado do leito.
Já era quase fim de tarde, ia começa a esfriar....às cidades do norte ficam entre vales ou até mesmo em cima de um.... sempre faz frio à noite!


Mas entre saltos e nadadas no rio gelado, o cachorro que me seguia, conseguiu chegar na entrada da trilha....teve sorte! quantos outros se perderam e não conseguiram voltar.
Ele devia estar bastante aliviado, sabe-se lá quanto tempo ele devia estar naquela agonia de encontrar alguém para que ele pudesse seguir.


Dai comecei a tentar entender porque aquela necessidade dos cachorros seguirem os turistas, pra tudo quanto era lugar. Claro que havia os mais espertos, só seguiam as pessoas na hora do almoço, esperando que a quem ele fosse seguir, caminhasse a um restaurante e pedisse uma parillada, pronuncia-se "parilhada", um tipo de chapa mista, carne de carneiro, de boi, frango e umas salsichas de diversos tipos e sabores, geralmente com ervas!


O sonho de qualquer cachorro........ porém nos restaurantes também haviam cachorros, provavelmente da casa e geralmente bem grandes. Sempre embaixo da mesa, na dele, soberano, só levantava se a pessoas lhe oferecesse alguma carne ou salsicha....... ai meu filho até eu!
Como os cachorros grandes ficavam lá, os menores ou até outros do mesmo tamanho, sempre respeitavam aquele cachorro que alí estivesse....... até os cachorros são civilizados na argentina.
Mas às vezes alguém arremessava longe, um pedaço de carne pra algum cachorro, que se deliciava com aquele osso.


Pois é! Mesmo que quisesse não poderia estar sozinho nesta viagem, havia sempre um "perro" me seguindo, trazendo a benção de São Cristovão!




Sobre a foto! .....................é só uma foto, não me lembro de estar pensando em algo expressivo nesse momento. Hoje ela me faz refletir muito mais, do que na hora em que estava lá.








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